A CASA VAZIA DOIS

29-06-2013 18:14

Heis que chagamos perto da Casa do Mar.
Achas de lume que sai do fogo que a mulher temível um tanto misteriosa faz arder.
Na chaleira o chá de varias ervas fumega, pronto a ser sorvido por estranhas figuras que passam despercebidas pelo corredor ainda escuro... Ninguém entra, ninguém sai, só aquela figura que cheira a mar, mofo fotos de mulheres bonitas desbotadas pelo tampo.
Na mesa redonda frutos apetecíveis olham de soslaio a brisa envergonhada, escondida pela parreira de uvas tornada passas, que passam de passado de recordações, de cavaleiros andantes, damas formosas, frutas secas mimosas na casa perto do mar...
As vidraças fechadas não vá a maresia entrar e manchar o quadro a óleo pintado da mulher de grande decote e porte altivo; o colar de fina prata, onde se retrata os bons e aureos tempos vividos na casa escura onde a mulher temível continua mexendo nas achas de lume não vão as cinzas do passado voltar á casa do mar...
  
  
Da casa triste abandonada não há mar nas janelas nem sempre fechadas, o cheiro de flores já secas pela areia que corre entre os dedos...
No calar da noite o choro do animal ferido ao abandono pelo dono que partiu, quebrando o silêncio aterrador, pelas idas e vindas que não se fazem sentir no ruír do telhado onde o melro deixou de cantar!
Não há espaço para o sonho onde espiritos vagueiam junto do pó acomulado no quarto ao lado.
Um livro aqui outro ali recordam os olhos cor de mel do vulto de mulher indefinido no vestido verde palha espelha todo o explendor de um amor vivido.
São Percheiro
 2ª parte

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