Dezembro 2015

12-01-2016 21:27
 

Ele abraçou o enorme pacote feito com papel colorido e enfeitado de fita cheirosa. Desceu a rua com seus passinhos curtos arrastando o chinelo surrado e foi enfeitando o caminho com seu sorriso de criança contente.

Entrou em casa gritando pela mãe e sacudindo o pacote pelos ares. A mãe veio ver. Os irmãos também.

Abriu a caixa e descobriu que tinha ganhado um jogo do padrinho. Um jogo colorido, cheio de desenhos bonitos, com dados, fichas e bolinhas.

Sentiu-se senhor importante, dono de um brinquedo. E poderia convidar os amigos para jogar. E convidou mesmo, mas fez um por um lavar as mãos e enxugarem direitinho, antes.

O Natal passou. E lá foi ele capinar junto com o pai. De vez em quando no suor da tarde, vinha-lhe a idéia do brinquedo e os suores do cansaço eram esquecidos.

Nas noites gostosas de dezembro ficava jogando, até quando o sono vinha pedir ordem para chegar.

Jogou por muito tempo e nem percebia que o brinquedo ficava velho, os desenhos perdiam as cores e o encantamento, e o cheiro da novidade não existia mais. Mesmo assim era o importante dono do brinquedo que divertia as crianças da vizinhança.

Uma tarde chegou o corpo pedindo banho e teve o rosto banhado de lágrimas. Viu o irmão (o menor de todos) rasgando seu precioso brinquedo lá no fundo do quintal. Berrou, bateu os pés, e a mãe no desespero de não saber para que lado acudir, quase lhe jogou o tacho de sabão na cabeça.

Nesse dia foi o mais infeliz dos meninos. Deitou cedo e as últimas lágrimas molharam seu travesseiro.

Isso faz um tempão que aconteceu. Não sei se ele já esqueceu de tudo. Acho que não.

Mas seja lá como for, tomara que nesse Natal ganhe novamente um brinquedo, porque quando a gente é criança, é muito importante ter um brinquedo. E mais importante ainda é ser feliz.

E ao escrever este conto me lembrei dos meus 13 Natais passados naquele grande Sanatorio de muitas caminhas em fila, com lindos meninos e meninas circulando como Anjos pelas grandes salas.

Existiam de todas as raças e cores, e nessa sala onde tudo era verde, simbolizando a cor da esperança para aquele mundo infantil, cuja familia para muitos eram aqueles médicos e enfermeiros que eram os verdadeiros Apostolos!

Entao me vem sempre à memoria as pequenas amigas e companheiras de quarto, Joana e Mary...

Joana era uma boneca bem moreninha e de cabelo encaracolado, linda minha Joana...

Mary magrinha, rosto claro e longos cabelos negros. Os olhos mudavam de tom consoante se estado, castanhos, negros, e quase sempre com làgrimas!

Para Joana era como se fosse sua boneca que se tinha de pegar com cuidado para nao quebrar, chorava muito depois Joana se deitava ao pé dela, e acabava por adormecer, e pelo amanhecer os médicos olham aquelas duas crianças tao amigas e sorriam.

Mary partia e Joana virava " estrela cadente"

Foram estes seus Natais e seus presentes!

Coisa estranha... nunca ninguém me chamou de Mary... So ela depois tu...

Mary 29 Deze 2015